TEM LUGAR PARA O RACISTA NO REINO DE DEUS?
Esta semana veio ao ar o vídeo do
William Waack, jornalista da Rede Globo, expressando ideias racistas. Foi um
verdadeiro alvoroço, pessoas dando opiniões de indignação, movimentos antirracistas
se posicionando, colegas de profissão dando apoio ao jornalista. Enfim, as
redes sociais têm esse poder, dar publicidade ao que antes, muitas vezes,
ficava “escondido”.
Algumas reflexões...
Você caro leitor ficou surpreso
com as opiniões racistas do jornalista?
“Coisa de preto” É uma expressão
que você nunca tenha ouvido falar?
Ou ainda...
É raro exemplos de racismo no
nosso dia a dia?
Acreditamos que para todas essas
perguntas, sua resposta tenha sido NÃO!
Bem, nós do ministério Susana
Wesley não temos o objetivo de falarmos apenas das coisas espirituais no nosso
blog, muito pelo contrário, nosso propósito é sempre que oportuno ligar os
ensinos cristãos com a vida prática ou com “a
vida que acontece na segunda-feira”, como eu (Claudia) costumo falar. O uso
dessa expressão refere-se a vida relacional que temos nos mais variados
ambientes que convivemos e com as mais variadas pessoas.
Quanto ao episódio que motivou a
escrita deste texto, eu gostaria muito de acreditar que o Sr. Waack representa
uma raríssima espécie de pessoas que a despeito de possuírem uma formação
acadêmica considerada de elite, de terem uma profissão que utiliza a mídia de
massa, de habitualmente estarem num meio eclético culturalmente ou que ainda,
economicamente, representem uma parcela bem abastarda, ainda assim possuem no
seu íntimo a certeza de que “preto” é um tipo de gente inferior.
Mas, isso não é verdade! É comum esse pensamento
e infelizmente o nosso país, o chamado BRASIL, É RACISTA SIM!
A ideia de supremacia racial data
de muito tempo, sempre acompanhado por relações de poder, onde havia um
vencedor e um cativo. É claro que na Antiguidade, por exemplo, o racismo não
era conhecido como na atualidade, pois tinha uma forma mais xenofóbica do que
racial propriamente dita, sendo recorrente até a época de expansão das nações
europeias.
Entende-se como racismo um conjunto
de teorias e crenças que estabelecem uma hierarquia entre as raças, entre as
etnias ou ainda o direito de uma raça (considerada pura e superior) de dominar
outras.
Apesar de serem condenadas pela
ONU e também pela Declaração dos Direitos Humanos, as práticas e ideologias do
racismo são por vezes praticadas de forma dissimulada e velada. O racismo é a
motivação principal de genocídios em todo o mundo. Quem não se lembra do Holocausto
na Alemanha ou ainda o Apartheid na África do Sul? Tudo Isso, sem contar com a conquista europeia das Américas e no
processo de colonização da África, Ásia e Austrália.
Contudo, é importante salientar que
o racismo é melhor compreendido como "preconceito aliado ao poder", pois
sem patrocínio de poderes políticos ou econômicos, ele não se manifestaria como
um fenômeno cultural, institucionalizado ou social generalizado, ainda que
hajam leis que “punem” configurando-o como um ato criminoso (LEI 7.716 de 1989
do Brasil).
A verdade é que o racismo é muito mais profundo!
O racismo existe e está presente
em toda a sociedade, inclusive no meio cristão.
De forma vergonhosa, em alguns
momentos da história, o Cristianismo foi utilizado como uma estratégia de
abordagem aos povos pagãos, mas que na verdade continha em si uma artimanha de
expansão que considerava a mão-de-obra escrava (em sua grande maioria, negra)
como sua maior “ferramenta” de
exploração de riquezas.
Já na atualidade, não são raros os
relatos de pessoas que sofrem discriminação racial no meio da igreja, junto com
aqueles chamados POVO SANTO DE DEUS.
A Igreja precisa se reconhecer racista!
A Igreja precisa se arrepender de suas práticas racistas!
Segue abaixo um trecho do texto PEDIDO DE PERDÃO AOS NEGROS DO BRASIL,
aprovado em Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil
‘Pedimos perdão por considerarmos
inferiores a sua religião, a sua religiosidade, a sua música, os seus símbolos,
ao seu modo de viver. Pedimos perdão a vocês que são cristãos e cristãs, a
vocês que são muçulmanos, a vocês que são umbandistas, a vocês que seguem
outras tradições de matriz africana, a vocês sem qualquer religião ou fé, a
vocês todos, como um povo, a quem devemos amar como nos ama Jesus Cristo”.
O reconhecimento público de
erros cometidos pela Igreja no que tange à discriminação racial não deve se
limitar aos discursos, embora seja um bom início, pois hoje a nossa arrogância,
na maioria dos casos, se quer reconhece os erros cometidos. Porquanto, o nosso
envolvimento deve se manifestar por meio de propostas bem fundamentadas que
mudem esse triste quadro dentro e fora das igrejas.
É verdade que temos racismo nas
igrejas, mas muitos líderes cristãos se envolveram nessa causa. A exemplo,
temos o inglês Willian Wilberforce, no século XIX, que dedicou sua vida na luta
abolicionista na Inglaterra. O batista Martin Luther King também. Combateu a
segregação racial nos Estados Unidos e batalhou pelos direitos civis dos
negros. Mesmo enfrentando ameaças, agressões, prisões, maus-tratos à sua
família, ele não desistiu. Um atentado tirou a vida do pastor negro
norte-americano, mas sua luta não foi em vão.
E quando iremos como corpo de Cristo lutar contra o racimo?
O nosso manual de fé, a Bíblia
Sagrada, é clara no combate à discriminação de qualquer ordem.
Algumas referências das Santas Escrituras...
Em Tiago 2.1, há o alerta: “Meus
irmãos, como crentes em nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, não façam diferença
entre as pessoas, tratando-as com parcialidade”.
“A Igreja de Antioquia, uma
comunidade de fé majoritariamente helenista, nos dá uma importante lição sobre
a igualdade racial e o reconhecimento das etnias na comunidade cristã primitiva
(At 13).
Podemos ainda destacar dois
escritos de Paulo, o apóstolo das etnias. Ele escreveu uma linda Carta a
Filemon, Áfia e Arquipo em que nela propõe a superação do pensamento
escravista.
Também, na Carta aos Gálatas (Gl
3.24-29), Paulo chega a ir mais adiante ao romper com a estrutura hierárquica
greco-romana, e de qualquer outra sociedade, que fundamenta o seu descaso pelo
outro por motivações raciais (judeu ou grego), sociais (escravo ou livre) e de
gênero (homem ou mulher) ”.
A verdade Sr. William Waack ou
todos nós outros que ainda gozamos da “sorte” de não sermos pegos publicamente
nas mais desonrosas atitudes racistas, preconceituosas ou violentas é que...
Só existe uma raça apenas, a
HUMANA.
E por esta, você crendo ou não,
Cristo morreu para garantir a todo que nele crer um reino de amor e de justiça,
o REINO DE DEUS, o único que tem poder, sabedoria para governar.
Cristo comprou com o seu sangue
para Deus homens
de toda a tribo, e língua, e povo, e nação” (Apocalipse 5.9).
Para a pergunta: TEM LUGAR PARA O RACISTA NO REINO DE DEUS?
A
resposta é: NÃO!
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